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Projeto de Lei para limitar descontos de livros


Na Europa, alguns países adotaram há alguns anos, uma política de teto para descontos de livros. Por quê isso acontece? Essa foi a maneira que os governos acharam para salvaguardar as pequenas e médias livrarias de outras maiores que conseguem aplicar descontos mais robustos. Essa medida é anterior ao surgimento da Amazon, mas agora, mais do que nunca, consegue igualar todos num único patamar de vendas- o que vai determinar a ida do cliente ao estabelecimento ou loja online vai ser mesmo o serviço prestado. Por pelo menos um ano o livro tem o preço de capa mantido, onde as lojas poderão dar no máximo 05% de desconto.


Ouvindo o podcast Confins do Universo edição 57 do site Universo HQ, em algum momento alguém toca no assunto dessa Lei. Ela já tramita no Senado desde 2015 e teve alguns pareceres favoráveis. Mas onde quero tocar é que quando esse assunto é abordado, pergunta-se se caso essa Lei for aprovada, os preços de capa vão ter uma redução. O editor que respondeu- não lembro quem foi- afirma que o preço de capa de um determinado produto não é influenciado por descontos da Amazon, Saraiva, ou qualquer outro fator dessa natureza. Que aquele é o preço real- e na verdade há uma pequena falha nessa informação, pois nesse mesmo episódio um desses editores afirma que em algum momento isso até pode acontecer (o preço inflado para amortecer os descontos parrudos), mas que é uma prática pouco usada de acordo com sua explanação. Mas ele afirma que acontece sim, para depois dizer que não. Uma contradição bizarra!


Seja como for, se não há esse enxerto no preço final do quadrinho, isso quer dizer que algo que custe R$ 150,00 não poderá ter um desconto de mais que 05%. Veja bem: um quadrinho por esse valor é uma grana a ser considerado, independente do material. Um desconto de 20% a 30% joga esse produto a um valor mais "aceitável" dentro do poder aquisitivo do leitor médio e ainda assim com ele ponderando duas- às vezes três- se vale a pena. Então vamos lá: se todos os quadrinhos que estão sendo lançados hoje com esses valores exorbitantes não terão mais descontos convidativos, é fácil entender que muita, mas muita coisa mesmo vai encalhar se esses preços de capa continuarem como estão. E vai encalhar onde forem expostos. Agora o caso não é de competitividade entre livrarias e lojas, pois todas estarão praticando basicamente os mesmo valores, mas sim de poder aquisitivo mesmo- na Europa onde alguns países já exercem essa lei os salários acompanham os preços, coisa que no Brasil não acontece nem de longe.


Claro que eu sei que os valores operacionais de uma editora não são baratos. Ainda mais se for uma editora pequena. Os custos para manter essas empresas se valendo, claro, de todos os encargos, funcionários, direitos autorais, manutenção física, manutenção logística, são bem altos. Os custos precisam ir para o valor final do produto para poder bancar o operacional e ainda gerar lucros. Isso todos sabemos! Mas também como consumidores queremos preços que não arranquem os olhos da cara. E essa é uma situação em que ninguém está errado: a editora quer bancar seus altos custos e ter lucro, o leitor quer seu quadrinho e não precisar optar se vai comprar sua leitura ou pagar a conta da luz.

Escute o podcast do Universo HQ clicando AQUI.

Fotos: Fonte internet.

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