Justiceiro # 01 (Totalmente Nova Marvel) de Nathan Edmondson e Mitch Gerads. Essa nova versão do Justiceiro ainda não parece melhor que a versão anterior de Greg Rucka (que ainda vou resenhar, mas como não tem efeito cronológico, começo por esse), mas está mais focada em ser um Justiceiro mais falho quando Frank Castle percebe que o mundo está cheio de pessoas com poderes. Agora em Los Angeles o Justiceiro busca acabar com um cartel, mas em sua cola o Comando Selvagem também tem uma missão a resolver: dar cabo da vida de Castle. Edmondson escreve um personagem como todos os outros, violento (pelo menos até onde censura permite) e sem receio em matar bandidos para colocar ordem nas ruas, mas é um Justiceiro que parece que admite falhar e saber quando estar por baixo. Gostei da arte de Gerads, ainda que tenha momentos apressados e sem definição. Pra mim o problema dessa nova empreitada de Frank Castle às rua, é que ele não lembra muito o Justiceiro quase psicótico que conheço. A versão Rucka mostra um Justiceiro afetado, mas a de Edmondson mostra um Justiceiro mais "humano" e isso não combina muito com ele. A trama começa em Los Angeles e Castle tentando acabar com um cartel de drogas- mais anos de 1980 que isso...-, mas esbarra numa linha tênue em que o vigilante questiona algumas ações que não batem muito com o que está investigando. Paralelo a isso, o novo Comando Selvagem recebe uma ordem clara: assassinar Frank Castle. O que o governo tem a ganhar com morte de um cara que geralmente meio que ignorou? O que me incomodou aqui também foi o fato de nesse primeiro volume, ele ter uma par de amigos, o que é estranho. O Justiceiro sabe que não pode ter amigos sem colocar ninguém em risco.
Já no segundo volume, o Justiceiro acaba longe de Los Angeles e faz uma passagem forçada no México e Costa Rica e toma muita bordoada antes de conseguir voltar para a "Cidade dos Anjos". Uma guerra de gangues eclode nas ruas e Frank Castle precisa mostrar que voltou- e o faz de maneira que todos entendam isso. Edmondson tem feito um trabalho mediano, ora interessante, ora com passagens afetadas. Nesse volume, por exemplo, sua trama se torna confusa, tem uma passagem por dentro de uma HQ da Viúva Negra que ele também estava escrevendo na época, e culmina no retorno do Justiceiro as ruas de Los Angeles. Paralelo a isso, o Comando Selvagem consegue encontrar o que sobrou da família de Castle (!) por parte da esposa assassinada, e isso faz com que Castle comece uma cruza dupla: ao mesmo tempo que tenta conter a onda de violência na cidade por uma organizada tomada das gangues, o Justiceiro vai usar isso para pegar o que sobrou de sua família que está com o Comando Selvagem. Numa ação quase que desastrada, Castle acaba derrubado pelo Comando numa ação que questiona as capacidades de se safar do Justiceiro. Uma coisa que ficou clara, é que matar não pode ser mostrado, pois a revista foi produzida dentro do universo Marvel (coisa que Garth Ennis se livrou por um tempo no selo Max) e isso faz com o Justiceiro mate... mas mate de longe, com sombras ou não mostre miolos ou dilacerações. É tudo mais subjuntivo. E isso pesa contra o personagem.
No arco final (volume 3), Justiceiro tem uma leve melhorada e chega ao ápice com uma cena- essa sim- de dar medo no meio de um engarrafamento. Com Castle tendo descoberto a trama que levou as gangues às ruas e o Comando Selvagem a caça-lo, ele parte para Washington e enfrenta o Capitão América (de um período em que Sam Wilson, o Falcão, assume o nome) e deixa as coisas em ordem no parece ser uma grande conspiração para acabar com Castle. O que me deixa em pensamentos, é que a trama desboca para um lado que não faz muito sentido para um vigilante como ele. Em geral apenas policia local e outros heróis de rua se preocupam com o Justiceiro, coisa que aqui parece estar fora de lugar. Seja como for, os arcos desse volume são mais rápidos e definitivos no que consiste em dar uma conclusão a tudo que foi iniciado lá no volume primeiro. As duas últimas HQs com Castle indo para uma guerra contra o terrorismo junto com o Comando Selvagem é totalmente dispensável. Em conclusão, essa investida da editora com Totalmente Nova Marvel me pareceu fora de foco, apenas o momento de relançamentos de seus personagens. O problema do Justiceiro é aquilo que falei lá atrás: Garth Ennis subiu muito a régua do personagem com tramas violentas e pesadas. Essa versão 16 anos aqui é como foi John Constantine que foi de Vertigo (selo adulto da DC) para o selo normal, o que causou aí uma quebra de ritmo muito forte já que o personagem teria que ser um sacana menos sacana, se é que deu pra me entender.
Serviço:Justiceiro Totalmente Nova Marvel #01
Marvel Comics
132 páginas
Lançamento: Outubro de 2015
Valor de capa: R$ 19,90
Reuni edições #01 a #06 de The Punisher 2014
NOTA: 7,0
Justiceiro Totalmente Nova Marvel #02
Marvel Comics
148 páginas
Lançamento: Maio de 2016
Valor de capa: R$ 22,90
Reuni edições #07 a #12 de The Punisher 2014/15 e Black Widow #09
NOTA: 6,0
Justiceiro Totalmente Nova Marvel #03
Marvel Comics
172 páginas
Lançamento: Junho de 2016
Valor de capa: R$ 24,90
Reuni edições #13 a #20 de The Punisher 2015
NOTA: 7,0
ROTEIRO: Nathan Edmondson
ARTE: Mitch Gerads com Moritat, Brent Shoonover, Feliz Ruiz, Phil Noto e Kevin Maurer.
Comentários