Pular para o conteúdo principal

Enterrado Vivo (resenha filme)

Eu diria que é um filme ousado. Muito ousado! Para o expectador ficar sentado assistindo um cara preso num caixão de madeira por uma hora e meia é no mínimo desafiador. E foi isso que o diretor espanhol Rodrigo Cortés fez. Pegou um ator em livre acessão como Ryan Reynolds e o colocou para interpretar uma pessoa numa situação desesperadora. E por incrível que pareça, deu certo! Não sei se eu assistiria isso no cinema (a minha “versão” um amigo me emprestou pego pela Internet), mas com certeza é um filme que te faz pensar bastante e acaba te colocando no lugar do angustiado protagonista. Isso é um feito a ser considerado. O diretor Cortés foi bastante ousado em sua forma de filmar, tornando interessante uma situação que em mãos mais afoitas se tornaria no mínimo uma piada ou um ganhador do Framboesa de Ouro. Na trama o caminhoneiro Paul Conroy (Raynolds) acorda com um ferimento no pescoço e dentro de um caixão de madeira daqueles antigos, que eram mais “espaçosos”. Sem saber o que estava acontecendo, o pânico toma conta dele por alguns instantes e depois percebe que estava com um celular no bolso, junto a um isqueiro eu uma garrafinha de bebida alcoólica.O que se ver muito são ângulos em looping, focos desesperados e uma iluminação claustrofobica. O que pode acontecer de interessante aqui? Primeiro ele tenta descobri o que aconteceu e acaba sabendo que foi na verdade sequestrado por iraquianos enquanto trabalhava como caminhoneiro contratado para reconstruir o Iraque. Os insurgentes querem 5 milhões de doletas, mas o coitado do caminhoneiro não tem tanta grana assim. Começa um jogo de vida e de morte por telefone. Paul de um local fechado e apertado, vendo a sua vida ser sugada de seu corpo aos poucos tenta falar com todo tipo de gente que pode ajudá-lo a sair daquela situação e o resultado chega a ser perturbador, pois estar numa situação surreal daquelas exige muito sangue frio da vitima. Passando por políticos, militares, pela família, esposa, FBI e outros tantos, Conroy vê sua vida correr com o tempo enfrentando a bateria do celular que está para acabar, o oxigênio que vai ficando escasso e o peso da terra que começa a afundar para dentro do caixão velho.Tentando injetar esperança no expectador o diretor vai achando pequenas soluções para te deixar ainda mais angustiado, cada ligação, cada promessa de resgate vai ficando mais dramática com o passar do tempo. Mas é um filme parado como se há de imaginar. Tudo acontece na sua mente. Tudo está ligado ao desespero do ator em demonstrar sua condição no momento. É um daqueles filmes pequenos, que usam soluções simples e baratas para incutir o medo e a angustia nas pessoas. O filme Mar Aberto é bem nesse esquema, só para se ter um referencia. Enterrado Vivo mostrou também que Ryan Reynolds é um ator considerável e não apenas um bufão de filmes de ação. Depois de Lanterna Verde o ator pode ficar mais inacessível para projetos autorais como esse. É um bom filme. Como eu disse, acho que não assistiria isso nos cinemas, mas o filme me deixou ligado até o final.

Nota: 7,0

Buried , 2010
Direção: Rodrigo Cortés
Roteiro: Chris Sparling
Elenco: Ryan Reynolds
Duração: 95 mim

Comentários