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Trilogias- Ong Bak



Ong Bak 1 (2003)

Simples, amador em algumas partes, inocentes em outras com um toque de genialidade, personagens clichês e muita porrada. O filme tailandês 2003 é uma grata surpresa para mim. Há algum tempo eu já ouvia amigos e o burburinho na Internet sobre o filme de artes marciais Ong Bak, mas nunca dei a devida importância. No primeiro semestre de 2010 eu assisti ao filme de estréia da então transformada trilogia. Como só agora assisti o terceiro, acabei re-assistindo o segundo e o primeiro para emendar logo tudo. E como me diverti, cara! Ao mesmo tempo em que o filme me parece cru e sem muitos requintes, ele me levou aos bons e velhos filmes chinês de pancadaria pra tudo que é lado. Ong Bak é bem por aí, com um fiapo de roteiro que coloca o astro tailandês Tony Jaa dando piruetas, voadoras, joelhadas no ar e tudo isso com uma cara de chupada no limão. Na “trama” a cabeça de uma estátua sagrada é roubada do vilarejo de Tien (Jaa) e o rapaz acaba indo ao encalço do ladrão que pretende vender o artefato a um contrabandista de obras locais. Pronto. É basicamente isso. O resto é porrada pura. As coreografias são secas, as lutas beiram o realismo. Parece que você tá assistindo um round de UFC (o popularmente Vale-Tudo). O que me impressionou também é que a produção caprichou na atmosfera do filme, dando uma Tailândia carregada e muito vívida tanto pelo dia quanto pela noite. A perseguição de tuk-tuks (carros de três rodas típicos da Tailândia) é muito bem feito. Coisa de filmes de Jason Bourne! O filme está disponível para locação e venda no Brasil. A direção segura é de Prachya Pinkaew que não deixa o filme cair em nenhum momento. Outro ponto forte: o muay thai como luta regional. Muito bonito de ser ver isso, cara. Respeitar o que é seu fica muito evidente no filme até mesmo quando um “americano” bonachão chama o protagonista para uma luta e fica xingando a arte tailandesa de lutar.


Ong Bak 2 (2008)

Exagerado, mas ainda um bom filme. Com mais grana ficou com uma imagem melhor e com efeitos mais arrumadinhos. O segundo filme não é uma continuação direta do primeiro. Aqui começa a ser formado a origem da estátua de Ong Bak que aparece no longa de estréia que culmina no terceiro ato. No segundo filme Tony Jaa retorna ao papel do lutador de artes marciais. Aqui a trama se torna mais um ato de vingança quando o jovem príncipe parte por conta assuntos políticos de territoriais e seus pais acabam assassinados. Perdido o jovem acaba sendo pego por mercadores de escravos e por sua rebeldia acaba num poço de lama com um crocodilo. Salvo por um guerreiro, acaba entrando no mundo das artes marciais e enveredando pelas sombras furtivas da morte. Contar mais que isso é “quase” estragar as surpresas do filme, que não tem muitas. Mas a história se desenrola de maneira simples, fácil de entender e culmina com um final do tipo “continua...”. Ao contrário do primeiro filme onde o muay thai é a arte marcial soberana, no segundo exista uma pequena miscigenação de estilos. Um pouco de luta chinesa, japonesa e muito armamento. As coreografias ficaram ainda mais bem sacadas, com lutas empolgantes, muito efeito em câmera lenta, uma fotografia mais pesada e uma trilha mais bem executada. Muita, mas muita porrada mesmo. Mais que no primeiro. Se você gostou do filme de estréia com certeza irá gosta desse também. A direção é de Tony Jaa e Panna Rittikrai.

Ong Bak 3 (2010)

O mais fraco dos três. Os atores tentaram atuar de verdade. Hahaha! Queriam eles indicação a algum Oscar? O filme não anda muito, pende para o dramalhão e perde em cenas de ação. Pra se ter uma ideia o protagonista luta um pouco no começo e só mexe as cadeiras depois de uma hora de filme. O clímax não é ruim, mas o filme é mais fantasioso dos três. Aqui Tony Jaa resolveu dirigir e escrever e acho que ele tinha a intenção de concorrer a algum premio internacional de repente. A ação fica um pouco de lado e entra o drama! Hahahaha! É meio tosco, muito mexicano em algumas partes e bem forçado em outras. A continuação direta do segundo filme coloca o protagonista em vias de se achar como homem e guerreiro, vivendo e reaprendendo seu lugar na ordem e no caos através do Karma. De que somos levados por vidas inteiras em busca de propósitos já pré-estabelecidos. A produção continua tão boa quanto a do segundo filme, com uma câmera segundo e uma fotografia pesada. Quanto a isso não tem o que falar. Mas o enredo de fato ficou aquém do que eu esperava. É pra ter porrada, meu fí. Esse tipo de filme num é pra pensar não. Tem que ser vertiginoso o tempo todo. Pra se ter uma ideia, o terceiro filme tem algumas lutas no começo e apenas depois de mais uma hora de filme é que teremos outra. O final, no entanto é recheado de sopapos e pontapés. Mais aqui ainda perde em volume de pancada do segundo.

Pesando os três filmes posso dizer que é diversão garantida pra quem gosta do bom e velho cinema porrada que há muito sumiu por conta da pirotecnia e efeitos especiais. Aqui é tudo bem na lapada mermu! Hehehehe! O bom é se você tiver paciência, é assistir aos três filmes na sequencia. Num precisa ser tudo no mesmo dia ou seu cérebro pode escorrer pelo nariz! O ponto alto são mesmo as lutas. Tony Jaa é um talento nessa parte. A parte fraca é que muitos pontos clichês que chegam a beirar o amadorismo, mas isso não tira a diversão em momento nenhum e só acrescentar aquele ar de filme dos anos de 1970 e 1980!

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