
Eu ainda não havia assistido a versão do
Superman II cujo diretor
Richard Donner havia mexido bastante, com uma versão mais perto da visão do diretor de S
uperman- The Movie. Existe muita água pode debaixo desse rio para que a versão de 1980 fosse para as telas, assim como esta versão de 2006 acontecesse. Não pretendo contar tudo isso, pois a briga interna é muito grande, envolve uma pancada de gente e várias reviravoltas. O que você precisa saber é simples: quando Richard Donner resolveu dirigir Superman I e II ao mesmo tempo, ele acabou estourando o tempo e o orçamento para entregar um filme e finalizar o outro. Resultado: foi demitido e uma boa parte de sua equipe principal em lealdade foi com ele. No seu lugar entra
Richard Lester, um diretor com forte veia cômica. Superman II já tinha 80% das filmagens concluídas e Lester teve de chamar os roteiristas antigos que escreveram a primeira versão do roteiro para poder reescreverem tudo e ele refilmar pelo menos 51% de Superman II para que os créditos fossem seus. O filme teve uma acolhida muito boa, não tanto quanto o primeiro, mas teve. A dose de ação e vilões contribuiu para isso. Mas vale dizer que muita coisa já tinha sido feito por Donner.

A versão “
Cut” de Richard Donner aproveita o roteiro reescrito por
Tom Mankiewicz em cima das versões de
David Newman,
Leslie Newman e
Robert Benton, que por sua vez, reescreveram em cima do texto de
Mario Puzo (O Poderoso Chefão). Mankiewicz reescreveu praticamente tudo, incluindo todos os diálogos. Era essa versão que Donner estava filmando. Quando Lester assumiu, recolocou os terroristas em Paris que estava no texto do trio e limado por Mankiewicz, permitiu aquele poder bizarro de arremessar o “S” do peito e até o de teletransporte com multiplicação de imagem que o Superman apresentou em Superman II. Fora todo o teor de humor dispensável que o filme tem. A versão de Donner é bem diferente. A começar pelo inicio do filme que é completamente diferente da versão anterior. Todos os momentos de humor sem graça foram tirados (coisa de Lester) e foram incluso cenas que Donner filmou e o diretor anterior descartou. Só pra se ter uma ideia, quase 15 minutos a mais de
Jor-El estão presentes nessa versão. Donner cortou aquela queda da Lois Lane nas Cataratas do Niágara, a luta na Fortaleza da Solidão, e uma pancada de pequenas cenas sem sentido foram sendo apagadas.

O que restou então? Um Superman II com uma cara mais séria, mais violento, e muito semelhante ao mesmo formato do primeiro filme. Ainda há muitas e muitas mudanças, mas a principal foi coerência e seriedade que o filme ganhou. Claro que não dá pra fazer milagres, mas ainda assim, depois de quase 30 anos, Donner conseguiu entregar um Superman mais próximo do que ele estava querendo. Pra mim o único “porém” é o final. Na versão anterior Clark beija Lois (!) no Planeta Diário para fazê-la esquecer (!!) que ele é o Superman. Nessa nova versão, através de uma visão particular, vemos a mesma solução do primeiro filme para a questão em pauta, o que trás severos erros de continuidade, mas não compromete a diversão. Você sabe que há um tremendo buraco ali, mas tampa com uma peneira, pois nem vale a pena esquentar com pouca bosta. Donner fez o que pode com o que tinha. Claro que se ele tivesse filmado tudo naquela época em 1977/ 78 o filme teria mais coerência e um final mais aceitável. Mas tá de boas. A versão
The Richard Donner Cut é para os fãs do Homem de Aço que ganharam um filme todo novo usando a mesma embalagem. Mais informações você deve achar na
Internet. Incluindo aí o que entrou e saiu. Eu tô escrevendo meio que de cabeça aqui.
Nota: 8,0
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