Pular para o conteúdo principal

Um Lugar Qualquer (Resenha Cinema)

A primeira coisa que me veio à mente quando terminei de assistir a Um Lugar Qualquer foi que a diretora Sofia Coppola tinha errado em Maria Antonieta, filme posterior ao sensível (e sucesso de crítica) Encontros e Desencontros (2003) vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original. Porque me veio isso a cabeça? Porque em Um Lugar Qualquer Coppola tenta de certa forma retificar seu erro de seu terceiro filme (Antonieta) e converte para algo mais seguro, algo que conhece melhor. Por isso a formula de Um Lugar Qualquer lembre tanto Encontros e Desencontros. A diretora pega a base de seu filme de maior sucesso e inverte alguns papeis. Sai Tóquio e entra Los Angeles, sai Bill Murray e entra um Stephen Dorff esforçado (mas não muito convincente), tira-se o romance casual e velado e entra um pai ausente tentando recuperar o tempo perdido com sua filha do qual não sabe tanta coisa quanto ele achava que soubesse. A fórmula está toda aí, só faltava o toque de mágica que Coppola não soube para onde apontar. Vale dizer de cara que é sim um bom filme, vencedor de um Leão de Ouro e tudo, mas não tem a mesma carga emotiva de Encontros e Desencontros e nem a subversão de primeiro ótimo filme Virgens Suicidas.Na trama seguimos o ator muito atarefado Johnny Marco e sua rotina em Hollywood, muitas entrevistas, mulheres, filmes em execução. Do nada ele se vê com sua filha de 11 anos a tira colo tendo que dar uma freada em suas atividades para poder ficar com a guria por uns dias, mas como nem tudo são flores, sua ex-esposa e mãe da simpática Cleo (Elle Fanning) resolve despirocar de vez viajando sem data para voltar e deixar a menina aos cuidados do pai que precisa cuidar de uma divulgação de seu mais recente filme. E é dessa premissa tão relativamente simples que a diretora nos joga dentro de um mundo que só conhecemos através de revistas de fofocas, programas de TV e sites na Internet. É um bastidor do dia-a-dia de uma celebridade. Não fica muito claro exatamente a extensão da fama do personagem de Dorff, mas vê-se que ele tem lá sua fatia do mercado de entretenimento. Acompanhamos apenas fragmentos de situações deixadas pelo ator Johnny Marco e nunca somos apresentados ao começo ou ao fim dessas desventuras. Sofia parece que na verdade está se espalhando em si mesmo em dados momentos já que seu pai é o cineasta Francis Ford Coppola e ele assim como Marco tem pouco tempo para família.O filme corre bem, sem se atropelar, sem nunca se entregar demais, mostrando fagulhas simples como fazer um almoço, jogar videogame ou até mesmo ir à Itália receber prêmios. Apesar de não ter a mesma carga emotiva de seus dois primeiros filmes, com certeza ele superar o anterior (Maria Antonieta) e acaba como um “Encontros e Desencontros 2”, mas menos emocionante. É como a continuação de um filme feito há vários anos tentando ressurgir. Infelizmente o encerramento do longa metragem é broxante. Muito mesmo! O filme vem carregando uma carga que mistura drama e comédia de maneira quase real, mas o final se mostra fora da realidade mostrada, quase como se no final de A Lista de Schindler uma nave alienígena pousasse na Terra e exterminasse os nazistas de merda. Certo que dei uma exagerada, mas acho que deu pra entender. Sofia constrói o filme todo dentro de um parâmetro pé no chão e depois cospe tudo no último ato. Mas isso não tira o demérito do filme, apesar do final insosso. Filme simples, sem pirotecnia, sem correria hollywoodiana, mas ainda assim bom de se assistir num Supercine perdido. Aos fãs de filmes de ação descerebrado, passem longe.

Nota: 7,5

Um Lugar Qualquer (Somewhere, 2010)
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Stephen Dorff, Elle Fanning, Chris Pontius, Michelle Monaghan, Kristina Shannon
Duração: 109 minutos

Comentários