
Só pra deixar rasgado: eu não concordo com a estratégia de DC Comics de vender simultaneamente suas HQs impressas (e que outras editoras vêm seguindo) e digitais e parece que não sou apenas eu que tem esse pensamento. O fanfarrão Mark Millar deu uma entrevista sóbria sobre o assunto e ponderou como poucas vezes em relação as vendas de quadrinhos de papel com o digital. O roteirista defende primeiro os lojistas que têm que disputar esse mercado cada vez mais fechado com as HQs fora de seus estabelecimentos. E isso é fato: os donos de comics shop não estão muito satisfeitos com essa “onda” de vendas digitais tirando o comprador de suas lojas. As vendas ainda não ameaçam diretamente os lojistas, mas já são um incomodo que mais pra frente podem de fato causar prejuízos e até o fechamento de alguns desses locais.
Millar diz que não é contra as HQs digitais, mídia que com o tempo será mais popularizada, mas que isso pode ser ruim para o mercado em geral feito da forma como está. O escritor defende que primeiro a HQ deva sair em seu formato em papel, algum tempo depois deva sair em encadernados, para tão somente sair em formato digital. Para isso Millar usa uma analogia perfeita: os lançamentos em comics shops seriam como lançamentos de filmes em cinema. Logo depois os encadernados seriam como os lançamentos em DVD reunindo material extra, etc., para tão somente sair em formato digital que seria como se fosse a venda do produto para a televisão. Eu achei essa linha de raciocínio perfeita! Tem uma coisa que sempre digo quando vou “trabalhar” com amigos em projetos de quadrinhos: não faço nada que vá ser lançado em formato digital para leitura na tela do PC.
Pelo menos nada prontamente meu. Quando trabalho com os personagens de outras pessoas não posso fazer muita coisa. Só peço que primeiro lance impresso e depois em formato para leitura online- nem sempre dá certo. Muitos autores às vezes reclamam que não vendem seu produto físico e isso em ALGUNS casos são bem explicados: muitos criadores primeiros postam deliberadamente seus projetos em formato online, “lançam” e esperam as “visualizações”. Depois lança impresso. Deixa eu seguir a minha lógica nesse caso especifico de produção independente: se o cara já leu na tela do seu PC... pra quê vai querer um impresso? Eu tenho intenções de fazer quadrinhos no formato digital, até recentemente eu vinha ventilando essa ideia comigo mesmo, mas vi que por ora não era a minha. Meus próximos projetos que já estou mexendo são até segunda ordem para serem impressos e somente muito tempo depois será disponibilizado digitalmente. Nessa eu tô com o Millar em todos os graus.
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