
Verdade, não estou conseguindo resistir e o jeito é ir lendo os “scans” mesmo. Mas o bom de ler esse “reboot” da DC é que está sem carga cronológica, e isso deixa a leitura mais fácil e menos complicada. Mas vamos ao que interessa. Action Comics #01 Volume II chega para primeiro aniquilar toda a história da primeira HQ do Superman criada em 1938, pois depois de #904 edições, a DC Comics zerou a revista e recomeçou tudo. Esse pra mim foi o ponto negativo da comenda. No entanto, tirando esse disparate, a primeira edição com o Superman é de longe melhor que a rapidinha Liga da Justiça de Geoff Johns e Jim Lee. Sai os estrelas pops e entra a cabeça do Velho Mundo. Grant Morrison sabe como contar uma história que prende como ninguém. A maior parte do material que Morrison já fez pros quadrinhos é de uma qualidade acima da média normal. Ele já fez algumas porcarias? Já! Mas também fez muita coisa boa. Em Action Comics #01 vemos Morrison brincando com o mito do Superman como uma criança que ganha um brinquedo novo. Com certeza o roteirista deve estar perto de gozar com essa oportunidade de zerar o maior super-heróis de todos os tempos e recriar todo um mito para o século 21. As novas gerações.
A trama coloca um Clark Kent na cidade de Metropolis morando sozinho num cortiço tendo que se rebolar para pagar o aluguel fazendo matérias para um jornal rival do Planeta Diário. Clark Kent é o jovem esforçado que agrada seus vizinhos por ser um bom rapaz, já seu alter ego, Superman, é mal visto pelas autoridades, que não compactuam com a prática de vigilante e que o taxa de perigoso alienígena. Nesse novo mundo o Superman ainda está se descobrindo, não pode voar, mas pode saltar prédios e correr muito rápido, no entanto, ainda está meio vulnerável e pode ser ferir se agredido violentamente. Nada de colante e cueca por cima das calças. Apenas uma calça jeans, botas pretas e uma camiseta com o “S” no peito, e a capa vermelha. Isso eu achei interessante. Seria muito estranho que ele simplesmente aparecesse do nada já com um uniforme formado para essa nova realidade que tem um pé na realidade. É meio paradoxal falar disso, pois nos quadrinhos de super-heróis sabemos que essas conjecturas são aceitáveis até certo ponto. Mas dentro dessa nova proposta, esse começo “do começo” me parece ser mais bem encaixado. Vale dizer que a revista Action Comics contará as histórias do Homem de Aço cinco anos antes da HQs contadas na revista que ainda irá sair com o título Superman, esse sim, mais experiente e com um uniforme completo, na verdade, uma armadura (!) que até ainda não me convenceu, mas faz sentido dentro dessa nova realidade. Não que ele precise, mas como ponto existencial dessa vertente.
Morrison coloca Superman como algo extraordinário, algo novo para um mundo que está descobrindo seus novos heróis, algo que ficou bem explicito em Liga da Justiça #01 com a reação pública dividida entre o entusiasmo e a desconfiança. Um ponto que muita gente talvez note nessa nova versão do Superman é que ele está muito parecido de certa forma com um certo “Amigão da Vizinhança”. Duro de grana, jovem, aprendendo a usar seus poderes, errando e acertando. Rags Morales, o artista de Crise de Identidade faz um trabalho competente em dados momentos, mas o cara escorrega muito nos rostos às vezes e tem alguns erros grosseiros aqui e ali. Outra coisa que não gostei foi que uma hora ele desenha o Superman com cara de “Superman” e depois acaba o deixando com cara de frangote. Mas nada disso compromete a diversão da história que ainda tem Lex Luthor fazendo que sabe fazer melhor: raciocinar! E em suas passagens rápidas com o General Lane, pai de Lois Lane, o cara mostra porque é quem é: um inimigo perigoso ao Homem de Aço. Quanto a Lois Lane em questão, ela continua sendo que era e Jim Olsen agora é amiguinho de Clark muito antes de trabalharem juntos no Diário e pelo visto parecem ter quase a mesma idade. Pode ser o traço irregular de Rags que faz isso parecer assim. Vai saber. Mas é uma boa leitura. Vamos ver se continua no ritmo.
Sou fã do Superman, mas não sou fanboy para engolir tudo. Eu entendo essa nova abordagem, até gostei dela, pois está mais fiel de certa forma as origens do personagem. Muita gente só o conhece das HQs pós-Crise nas Infinitas Terras, mas anterior a isso, o Superman tinha sim uma pegada mais distante, mais alienígena mesmo. Chegou a fica tão poderoso que mastigava literalmente kriptonita para provar que estava num nível extraordinariamente alto. E é essa a fonte de Morrison: os primórdios. Isso deve ser levado em consideração aqui.
Primeira impressão quando olhei: Boa.
Impressão depois de lida: Ótima.
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