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Ultimate Spider-Man#01 (resenha quadrinhos)

Antes de começar essa resenha, vale dizer que sou DC Comics até o talo, mas não sou burro. Eu gosto acima de tudo de quadrinhos e vou onde o bom quadrinho está. Eu quero uma boa história, com desenhos que cumpram seu papel e uma edição que valha a pena comprar, isto é, bem arquitetada. A DC Comics vem fazendo seu super “reboot descoladão” e tal, e a Marvel vem matando personagem e vivendo a torto e a direita, concentrando-se basicamente em Vingadores e X-Men. As duas editoras estão numa guerra numérica de deixar restos de escalpes e víceras pra tudo que é lado. E eu tô cagando pra duas editoras. Como eu disse, eu quero boas histórias e Brian Michael Bendis sabe fazer isso como poucos. Ultimate Spider-Man #01 nova fase com o novo herói já chegou polemizando tudo, sendo alvo de críticas xiitas, de piadas infames, mas tudo isso é do jeito que a Marvel gosta, chamando a atenção, e tudo por conta da cor do herói. Pelo amor de Deus! Tô me fudendo pra que cor ele tem! Pode ser branco, negro, azul, amarelo, verde, rosa com bolinhas verdes... pode até ser a história de um poste! Eu quero uma boa história para ler e é isso que conta no final, e Ultimate Spider-Man bota no chinelo mais da metade de The New 52 da DC Comics. O universo Marvel tradicional pode estar um cu entalado, mas pelo menos aqui, nesse título, a Marvel sob fazer seu trabalho.

Sou grande fã de Brian Michael Bendis, pelos textos humanos e sagazes, pelos enredos inteligentes e instigantes e poucas vezes o vi erra a mão- mas já aconteceu em sagas desnecessárias. Seu trabalho na linha Ultimate com o Homem-Aranha sempre foi acima da média em muitos momentos- mesmo que tenha tido algumas baixas. Aqui Bendis tem todo um novo universo para explorar, para criar, sem estar preso ao universo antigo e principalmente, sem estar preso as evidentes comparações entre o universo tradicional e o universo alternativo (Ultimate). Como sempre ele começa devagar, apresentando o produto, alguns personagens, morais e a que veio. Isso é muito comum nos trabalhos de Bendis, o que às vezes é meio chato, pois quase nada acontece de efetivo. Na trama temos o jovem Miles Morales que está pleiteando uma vaga numa escola pública disputada na base da “loteria” no Brooklyn. Com um pai cético e uma mãe engajada, o jovem garoto acaba se refugiando na cada do tio “ovelha negra” para conversar e respirar um pouco, mas ao contrário do que se pode esperar, o cara gosta do sobrinho e dá a ele bons conselhos, ainda que os pais não curtam que o guri fique perto da “má influencia” que é o tio. Essa é uma linha muito simples da forma de ver a trama num toldo, o que lembra um pouco “Todo Mundo Odeia o Crhis”, mas tirando a comédia e enxertando um traço mais dramático.

Esse é corpo da história e o que vale contar, sem estragar surpresa ou enfiar um Spoiler, é dizer que a forma como o garoto ganha seus poderes é infelizmente de uma galhofa só em termos de criatividade. Só posso dizer que é como se Barry Allen e Wally West tivessem sua história levada ao universo Marvel. Não é uma ideia ruim, apenas forçada goela abaixo e você tem que dizer: “De que outra forma seria, né?”. A arte de Sara Pichelli é uma formosura só, cara. Um traço competente, firme, que trouxe a HQ uma atração a mais. Apesar de alguns disparates como o tio que é a cara de Snoopy Dog cheio de marra, Ultimate Spider-Man me saiu melhor que a encomenda e no meio da euforia que toma as lojas estadunidenses de quadrinhos com o reboot da DC Comics e seus personagens “super fodas”, Ultimate Spider-Man é um alento no meio dessa testosterona toda e mostra que pra refazer alguma coisa não precisa transformar um pombo num águia, basta mostrar pro pombo outras formas de se voar.

Primeira impressão quando olhei: Boa.
Impressão depois de lida: Boa.

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