
Eu não estou aqui par falar do lançamento de Daytripper, criação dos geniais Fábio Moon e Gabriel Bá para o selo Vertigo que fora ovacionado pelo publico estadunidense e que ganhou nada menos que um Eagle, um Eisner e um Harvey, simplesmente os prêmios mais conceituados da categoria por lá, o que quer dizer muita coisa para dois brasileiros, afinal, os estadunidenses enxergam o Brasil apenas como “carga de exportação para desenhos”. Daytripper chega ao Brasil pela republicadora Panini Comics, formato americano, capa dura, 256 páginas e custando R$ 62 mangos. MASSA!
Mas foi preciso uma volta de 360 graus pra que os dois criadores do fanzine 10 Pãezinhos pudessem chegar ao Brasil com tamanho prestígio! Foi preciso que pessoas de fora que deram oportunidades reais a eles, para que os quadrinhos desses dois “fanzineiros” viessem parar no Brasil e justamente por uma republicadora, que só edita material estrangeiro. É muito irônico, cara. O Brasil cheio de talentos, cheio de gente querendo mostrar serviço com boas ideias, boas artes e principalmente, com vontade de fazer, e ainda assim só é reconhecido quando “vamos” para o exterior, é aprovado lá e depois sim ganha-se credencial para se relançar aqui. Eu como criador que sou, se um dia eu tiver um material editado inédito meu lá por fora porque não tive a chance aqui, nunca eu deixaria uma republicadora como a Panini lançar como produto que “se vendeu por lá, então pode ser vendível aqui”.
Eu lançaria por uma editora menor ou até mesmo sozinho, ou radicalizaria e faria um “fanzine de luxo”, mas não permitiria que uma editora que nunca me deu uma chance de editar um material meu porque lá fora eu ganhei prestígio. Bá e Moon são caras fantásticos, grande criadores e merecem toda a pompa, mas eu não deixaria um material meu ser editado no Brasil por editora que nunca deu chance a um material nacional.
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